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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Religião Vs. Cultura




Eu venho observando que, de uns tempos pra cá, o crescente fanatismo religioso – principalmente dos cristãos fundamentalistas – vem metendo o nariz onde não é chamado: na cultura popular.



Como se já não bastasse a compra de cinemas e clubes e até mesmo desmatamento de áreas que deveriam ser preservadas para construir igrejas “em nome de Deus”, há grupos que também fazem campanhas ferrenhas contra eventos folclóricos que fazem parte da nossa história desde muito antes dos pais de seus sacerdotes nascerem!


Nos Estados Unidos, país de maioria protestante (ainda – já que há muitas religiões alternativas ganhando cada vez mais força por lá), a maioria das pessoas sabe separar religião dos outros elementos que fazem parte do seu dia-a-dia. Por exemplo: aos domingos vão ao culto e levam seus filhos à “escola dominical”. Mas não deixam de se fantasiar no Halloween e permitir que as crianças peçam de porta em porta “gostosura ou travessura”.


Eles também assistem a programas e filmes de todo tipo, vão a festas, dançam, ouvem todo tipo de música...


No Brasil, a religião fundamentalista incentiva os fiéis a descartarem toda e qualquer diversão, mesmo que esta tenha fortes raízes culturais. O argumento é que tudo que não faz parte da sua crença e não pertence ao seu livro sagrado (de acordo com sua interpretação, claro) é “do mal”, “do diabo”, “não é de Deus”, “é do mundo”. Peraí, para tudo! Mas quem foi mesmo que fez o mundo??? Não foi o tal do diabo! E onde mesmo é que nós estamos? Ah! Na Terra, ou seja: no MUNDO. Ué... então tem coisa errada aí!


Mas fato é que muita gente tem medo do desconhecido e acha mais fácil taxar tudo aquilo que lhe é estranho de “mal”. Enquanto o “seu” lado será sempre considerado o do “bem”.


Por isso os brasileiros de certas ramificações do Cristianismo não aceitam ganhar balas e doces no dia de Cosme e Damião, não brincam Carnaval, não dançam quadrilha nas Festas Juninas (alguns não podem nem mesmo ir à festa comer algum quitute em uma barraquinha), não recebem a Folia de Reis, não vão à festa de Halloween (que copiamos dos americanos)... Alguns nem mesmo comemoram o Natal e/ou a Páscoa.


Condenam tudo, desde Yoga (assim como qualquer prática oriental e símbolos) até biscoitinhos da sorte que vem com a comida do China In Box! Também não leemhoróscopo, já que pra eles Astrologia também “não é de Deus”.


Claro que não estou generalizando. Nem todos cristãos protestantes, ou fundamentalistas de qualquer religião são radicais assim. Mas cada vez aumenta o número de “crentes” que se tornam radicais(bitolados, fanáticos, obcecados, doentes!).


E pra quem é de outra religião ou mesmo não tem religião, ou seja, nós que somos chamados por eles de “mundanos”, fica cada vez mais complicado arranjar assunto pra conversar com eles. Se falamos algo referente ao nosso signo, eles torcem o nariz ou debocham. Se falamosde alguma festa, eles dizem com ar de superioridade: “não frequento festas do mundo”... Uma vez uma fanática gritou pra mim: “tá amarrado em nome de Jesus!” depois de ver no meu braço a minha tatuagem de borboleta. Uma BOR-BO-LE-TA. Se fosse uma cobra ou um morcego ela me batia! E se tivesse escrito “Jesus” ela iria me “abençoar”.


Um dia eu disse que gosto de meditar e ouvi da pessoa com quem eu conversava: “você fala com os espíritos?”. É imenso o preconceito e a desinformação. Mas essas pessoas não parecem interessadas em aprender as coisas pra então, DEPOIS, poder julgar ou opinar.


Um dia chegou na minha casa um amigo que é evangélico e eu estava assistindo a um dos filmes do Harry Porter. Eu o convidei a sentar e acabar de ver o filme comigo. Ele perguntou que filme era e eu respondi. Então ele logo falou: “Não, eu vou embora. Tá amarrado, isso eu não vejo não!”. Fiquei perplexa mas então desliguei a TV e o DVD e disse que assistiria depois. Ele foi mexer nos meus CDs e comentou: “só tem música secular, não dá pra mim”. Eu não aguentei e disse: “tem música de gente normal, se você chama isso de música secular, então que seja. Mas se não tem nada que te agrada aqui não posso fazer nada”. Ele disse que só ouve gospel e eu disse: “você sabe que não sou da sua religião. Não é possível que você não goste de nada na vida que não tenha que enfiar a religião no meio”. Ele, é claro, não gostou. Mas achou normal chegar na MINHA casa, mexer nas MINHAS coisas e ficar criticando com cara de dono da verdade.


Cantar pra Jesus, fazer comida pra Krishna, oferecer moedas a Bhudda. Tudo bem, eu até respeito. De verdade. Não estou aqui pra criticar religiões, mas sim o fanatismo religioso porque acho que pra tudo tem que haverlimites. A religião faz parte da vida das pessoas, mas não tem que se intrometer em tudo que se faz durante o dia!


Ok, a Consciência Cósmica, à qual chamamos de Deus está presente em tudo e todos, assim como em todos os momentos. Eu creio nisso (e respeito quem não crê porque tem muito ateu que com o coração muito mais nobre do que certas pessoas que se dizem religiosas). Mas Deus é uma coisa, e religião no sentido de instituição, rituais, livros, crenças e dogmas é outra, bem diferente!


Quer viver de religião e pra religião? Então entra pra um convento e dedica sua vida toda a isso. Assim, dá pra viver isolado do mundo. Mas já que está aqui fora, é importante participar dos eventos, saber conversar com as pessoas sobre assuntos diferentes... Claro que ninguém tem que gostar de tudo. Eu por exemplo, detesto funk e música sertaneja. Mas respeito as pessoas que gostam e sempre vamos encontrar algum gênero musical de que ambos gostamos.


Mas com pessoas como as que eu citei, torna-se impossível encontrar algum ponto em comum porque tudo que se fala numa conversa, lá vem eles enfiar a religião no meio! E o pior de tudo é que acreditam nesses boatos de que os bonecos dos Smurffssão assassinos, a Coca-Cola tem o símbolo do capeta, tudo que é artista famoso fez pacto com o dito-cujo... E querem nos impor essas crendices goela abaixo! Se você muda de assunto ou diz que não se identifica com a sua crença, se sentem ofendidos e dizem que você está “pecando contra Jesus”!!!


Uma conhecida minha que adora Carnaval tem uma filha que se tornou evangélica, e ao vê-la sambando em frente à TV disse à mãe que ela estava “endemoniada” e precisava procurar uma igreja!


É... parece que com o crescimento das religiões-comércio que geram fanatismo (repito: isso tem ocorrido mais no Cristianismo, infelizmente) toda a cultura popular brasileira corre sério risco de morrer. Será que Deus quer mesmo isso? Um bando de pela-saco que fala nele o dia inteiro mas não é capaz de ser tolerante com o próximo??? Cuidado, fanáticos! Isso é falar o nome de Deus em vão, é pecado! Vocês estão pecando e nem percebem...


Por que disseminar o preconceito contra as outras crenças, como se a sua religião fosse o último biscoito do pacote???


Eu acho que no Brasil isso ocorre muito mais do que nos EUA porque não há seriedade aqui. Hoje é muito fácil abrir uma Igreja em nosso país. Virou comércio! Por isso os líderes dessas congregações tem que manter seus fiéis bastante presos e dependentes, guardando o dinheiro do cinema ou das festas pra Igreja, assim como deixando de comprar CDs “seculares” pra comprar CDs de música gospel.Acredito que por saberem que seus fundamentos não são nada sólidos,esses líderes também tem medo de deixar os fiéis muito soltos por aí, livres pra frequentar ambientes ondem possam encontrar todo tipo de pessoas (e ideias) e de repente serem esclarecidos e acordarem.


Voltando a citar a entrevista da apresentadora Mara no programa Super-Pop da Luciana Gimenez – que já mencionei no post anterior: percebo que é muito difícil pra certas pessoas simplesmente respeitar a escolha do outro e entender que ninguém é superior por pertencer a essa ou aquela religião.


Quando um outro participante do programa (não lembro agora o nome dele) comentou a respeito do sincretismo religioso que existe na Bahia, Mara ficou bastante nervosa e contrariada. O cara não falou por mal! Disse apenas que quando surgiu aquele boato ridículo, nos anos 90, de que a Mara tinha feito macumba pra atrapalhar a ida da Angélica pro SBT, as pessoas talvez a tenham julgado capaz de fazer isso por preconceito por ela ser baiana,já que a Bahia, devido ao sincretismo e à força do Candomblé, é vista como “terra da macumba”.


Luciana Gimenez disse que é contra macumba (magia negra, prática do mal) mas que respeita muito o Candomblé. Ora, o Candomblé é uma religião africana muitooo antiga e merece respeito. Mas parece que a Mara não concorda, porque ela fez uma cara de quem comeu e não gostou e em vez de respeitar as diferenças e aplaudir o sincretismo (que significa no meu ver respeito à crença alheia) disse: “Não, mas isso está diminuindo! Os evangélicos estão crescendo na Bahia”. Que feio, Mara! Pra exaltar a sua fé, jogou a fé dos outros lááá no chão!


O sincretismo religioso é faz parte da cultura baiana e já existe há muito tempo. É tradição as baianas mães de santolavarem as escadas da Igreja do Senhor do Bomfim. Eu acredito que toda tradição não prejudicial (como esta) merece ser respeitada e preservada.


Mas os radicais religiosos combatem toda cultura e tradição como se fosse algo maligno!


Tiro o chapéu pra um pastor da Igreja Batista chamado Ed René Kivitz. Ele merece meu respeito, e as palavras dele foram postadas por mim no blog “Boca no Trombone”. Ele critica os jogadores do Santos que deixaram de ajudar as crianças de uma instituição por ela pertencer a um núcleo espírita, pede respeito a todas as religiões, e diz que ninguém tem o direito de querer que apenas a sua religião prevaleça e que todas as outras sejam liquidadas (como parece ser o desejo da apresentadora Mara e de todos que pensam da mesma forma que ela). Ele acrescenta, em outras palavras que ninguém é dono da verdade, mesmo porque quem saberá em qual livro sagrado ela estará?


Pessoas como este pastor fazem com que a esperançanum futuro de respeito à cultura de todos os povos e (de certa forma)ecumenismo substitua o medo do retorno a um passado de arenas, inquisições, caça às bruxas e guerras santas.

3 comentários:

  1. elisa qual eh a sua religião? soh p saber..

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  2. Então, Anônimo... eu tenho minha religiosidade mas não sigo uma religião cegamente. Vá até o meu site "Filosofia do Caminho Pessoal", que lá vc vai entender melhor minha visão religiosa.

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  3. Eu não tenho religião mas acho egoismo a pessoa que se considera religiosa e a serviço de Deus ser ignorande e desdenhosa quando não concorda com o ponto de vista alheio quando diz respeito a Deus , ou até com relação ao modo de vida de quem não vive exatamente como ela!
    Acredito que certas pessoas de tão boas que são acabam se perdendo na fé e acaba ficando preso na crença de que Deus é do jeito da religião que ele segue!
    Eu quero poder ir a qualquer tipo de igreja ou templo salão e etc! Mas quero ter a mente livre pra ver que não é a religião que é importante mas sim saber que Deus está em tudo e todos sem restrição de crença!

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