Em alguns livros de auto-ajuda, nas religiões, nos conselhos de amigos, nas mensagens que circulam na internet e nos chegam por e-mail e até nas palavras de profissionais que cuidam do emocional das pessoas encontramos sempre a mesma “solução” pras nossas tristezas: “olhe pra trás, veja quantas pessoas sofrem, a sua dor é insignificante perante a delas”.
Muitas vezes isso já me ajudou, sim. Parei, pensei e vi que a minha vida estava ótima comparada às vidas duras dessas pessoas que sofrem com doenças, passam fome, etc. Me corta o coração ver essas cenas e fico grata a Deus por não me faltar alimento, por eu não estar sozinha, por eu ter um teto que me abriga e roupas que me vestem...
Por ter nascido em uma família amorosa, que me ensinou valores que trago comigo pra sempre... Por ter podido estudar (se não estudei mais foi porque eu não quis), aprender música, línguas e tudo o mais que eu desejei...
Sou grata pela saúde que tenho, pelo ar que respiro, pela água que eu bebo o dia inteiro! rsrsrsrs Pelos amigos de longe e de perto, inclusive meu amiguinho de quatro patas e focinho que festeja minha chegada latindo e corre comigo pela casa como se ele e eu fôssemos duas crianças...
Mas... por outro lado é estranho “olhar pra trás” pra se sentir bem porque outros estão mal. Temos que nos espelhar sim, no exemplo de superação dado pelas pessoas que em meio a grandes dificuldades lutam por seus objetivos na vida e conseguem triunfar. Isso sim! Mas olhar como se pensasse “nossa, coitados dos que passam fome, que bom que não é comigo” é bem egoísta, não?...
Ok, é certo agradecer pelo que temos. Realmente tem gente em situação pior que a nossa. Mas sempre terá alguém pior, mesmo porque “tudo é relativo”, né? Assim, sempre terá alguém em situação MELHOR que a nossa.
Por isso meu lema agora é olhar pra trás e tentar puxar pra frente quem está lá; mas não ficar me comparando! Sou grata sim, pelo que tenho. Mas SEM querer me sentir melhor em relação a quem não tem o que eu tenho.
Também não vou me sentir pior do que aqueles que tem mais do que eu. Isso seria despeito, inveja. Me sinto bem com o que tenho, sem com isso me tornar uma conformista e achar que não tenho o direito de almejar mais nada na vida!
Por isso quando eu tiver algum problema e alguém me disser com cara de piedade: “Ah, minha filha, olhe pra trás...”, já vou logo respondendo: “Não! Vou olhar é pra frente! Se é pra frente que se anda, como diz o ditado, também é pra frente que se olha, porque se eu andar pra frente olhando pra trás, posso tropeçar, cair e me machucar muito!”.
Olhar pra frente não é invejar quem está em melhor condição; é ter um objetivo além daquilo que se já tem, sem deixar de agradecer pelo que já foi conquistado e sem ficar se comparando com quem está na frente ou atrás.
Aliás, na verdade ninguém está na frente, nem atrás. É apenas aparentemente, é uma questão de “fuso horário pessoal”. O dia vai amanhecer pra todos. Basta que não estejamos dormindo e assim perder o momento do nascer do sol. Ele brilha pra todos, mas temos que estar de olhos abertos para vê-lo.
Olhar pra frente, andar pra frente... assim a gente um dia fatalmente CHEGA. Chega onde? Onde fulano chegou? NÃO. Onde queremos chegar, onde temos que chegar. E não estou falando apenas (e nem principalmente) do lado material. Falo em todos os aspectos da vida.
E sempre haverá um novo “lugar” pra se chegar! É como no vídeo-game, acabou uma fase, começa outra, mais complicada compatível com o preparo que já alcançamos.
“Quem anda pra trás é carangueijo”, diz o ditado. E como somos GENTE, vamos andar pra frente. Mas pra isso temos que primeiro olhar pra frente, com fé no futuro e seguir nossa caminho. Cada um o seu. E iremos sempre cruzar com aqueles que também fazem as mesmas escolhas (sejam profissionais, sociais, espirituais, etc). Percorremos juntos alguns desses caminhos... Mas como cada pessoa é uma vida, e cada vida tem sua rota, descobriremos que cada caminho é mesmo individual.
Quem está “na frente”, não tente alcançar porque quando você chegar lá ele pode estar ainda mais na frente. Como pode ser que pare no caminho e você o ultrapasse.
Quem está “atrás”, tente fazê-lo vir pra frente. Se ele está parado, convide-o a caminhar com você. Mas se ele não quiser, não o espere, não vá se atrasar e ficar preso lá atrás com ele e por causa dele.
Tenho aprendido isso lendo, observando a vida, passando pelas minhas experiências (nem todas agradáveis)... Somos eternos aprendizes como dizia Gonzaguinha! E o gostoso é mesmo o aprender e ter mais pra aprender (e às vezes pra ensinar também). O chato é o “saber tudo”. Porque quem sabe tudo ou ACHA que sabe tudo não tem mais motivação na vida.
A estrada é longa e não podemos parar. Vamos pulando as pedras, os obstáculos... e se tropeçarmos, vamos levantar e continuar a caminhar. PRA FRENTE.
OLHANDO PRA FRENTE, na direção de onde queremos chegar.
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